terça-feira, maio 01, 2007

até lá...

Falar sobre filmes, sobre chocolate. Fazer milhões de projetos e não cumprir metade deles. Combinar de viajar, esquecer e depois rir junto. Ouvir samba, dançar, reclamar menos da vida. Sentar num barzinho, ficar bebado, dar risada das pessoa na rua. Pegar ônibus lotado só pra te ver, enfrentar fila de supermercado pra levar porcarias boas de comer. Sorrir quando se olha nos olhos, cuidar do sono quando ele vem. Ficar feliz pelo outro quando ainda nem se tinha conhecido. Ganhar o dia quando se encontra sem querer. Sorrir quando se encontra num texto do outro, conversar sobre as coisas mais descabidas como se fosse comum. Estar sempre ali, mesmo quando tudo que o outro fizer for errado pra você. Brigar depois, mas defender primeiro. Viver junto, mesmo a um oceano de distância. Ficar anos sem uma notícia, se encontrar um dia qualquer e nada ter mudado.


Alguém aí sabe o sentido da palavra amizade?

...clichê

Não que eu não quisesse falar com ela. É só que às vezes a gente precisa fazer o que dói pra poder ser feliz. É como aceitar a morte, quando a dor da perda parece que leva a gente junto com a pessoa amada. Depois, a gente nota que a vida segue, que o vento sopra, e a chuva cai. E o sol, tantas vezes amaldiçoado, passa a ser um novo amigo que acalenta os prantos mais escondidos, aquecendo o coração frio numa tarde nublada, serena.

Serenidade... a calma brisa com cheiro de rosas que vem do jardim ao lado, naquela praça que a gente nunca notou antes por estar mais preocupado com as próprias mesquinharias. Gosto tanto do cheiro das rosas, aquele que vem assim, sem avisar, e quando a gente vê, está naquele cantinho que a gente tinha guardado tão bem de nós mesmos. Parece amor, não é? Vai ver é mesmo, as rosas, que perfumam e sangram, são bem como esse treco estranho que a gente insiste em tirar do peito e a vida teima em nos trazer de volta.

E a gente aceita, feliz, quando a vida nos mostra a beleza das rosas, ignorando a existência dos espinhos. E pensar que depois o que se ignora é o aroma da rosa. Tão triste isso, essa coisa de amar e sofrer. Acho que o tempo cura todas as feridas, mas as cicatrizes continuam por ali, dizendo pra gente o quanto fomos idiotas.

Quão frágil e estúpido é um ser humano? Aquele que tem coração, é capaz de amar, logo, capaz de sofrer e de causar sofrimento. Por que eu me presto a escrever essas coisas? Deve ser um desabafo, algo pra tirar do peito, pra não ficar com a revolta de ter perdido uma história tão bonita. Gostava tanto de dizer o nome dela, e agora pareço ter giletes na boca.

Como poderemos ser felizes? Quando iremos encontrar a vida simples e tranquila do jardim de rosas daquela pracinha ao lado? Uma tarde inteira ali, sem pensar em mais nada. Só duas pessoas deitadas bebendo vinho e falando besteira...